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Paulo Dantas durante manifestação de professores |
Após mais de um mês de paralisação dos docentes da rede estadual, o Governo de Alagoas adotou medidas mais rigorosas contra o movimento grevista. Em nota divulgada nesta quinta-feira (31), a Secretaria de Estado da Educação (Seduc) informou que os profissionais que não retomarem suas atividades a partir desta sexta-feira (1º) terão os dias não trabalhados descontados na folha de pagamento e o ponto cortado. A decisão atende a uma determinação do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL), que declarou a greve ilegal com base no entendimento de que a educação configura um serviço essencial.
A reação do governo gerou forte repúdio entre os educadores, que classificam as ações como tentativa de criminalizar uma mobilização legítima por melhores condições de trabalho e reajuste salarial. O agravamento da situação foi intensificado após uma declaração do governador Paulo Dantas, durante evento público, considerada intimidatória por representantes da categoria. Em vídeo que circula nas redes sociais, o chefe do Executivo estadual afirmou: “aguardem o que vou fazer com vocês”.
De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Alagoas (Sinteal), além da retórica adotada pelo governador, o Executivo teria cogitado aplicar uma multa individual de R$ 500 a cada professor participante da paralisação, o que ampliou o clima de tensão entre a categoria.
No comunicado oficial, a Seduc argumenta que a adoção das medidas tem como finalidade assegurar a continuidade dos serviços educacionais e reduzir os prejuízos aos estudantes, mencionando o direito à merenda escolar e ao cumprimento do calendário letivo.
Entretanto, representantes do movimento alegam que o governo tem evitado manter um canal efetivo de diálogo com a categoria e tem recorrido, de forma reiterada, a decisões judiciais como forma de deslegitimar o movimento paredista.
“O debate não se resume à remuneração, mas envolve a valorização e o respeito à dignidade de quem se dedica diariamente à educação pública”, afirmou um dirigente sindical.
A greve já ultrapassa os 30 dias, e, até o momento, o governo estadual não apresentou proposta concreta de negociação. Para os professores, a conduta adotada pela administração tem sido interpretada como uma tentativa de encerrar a mobilização por meio de medidas coercitivas.