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Senador Renan Calheiros | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil |
O debate é antigo, mas ganhou novos contornos com mudanças de linguagem. Para o eleitor comum, termos como “chapão” ou “acordão” soam parecidos, carregando a mesma desconfiança — rimas com “arrumação”, “enganação” e até “arrastão” ajudam a reforçar essa percepção negativa.
Não é de hoje que Renan Calheiros orienta seus aliados a evitarem o uso de “chapão” ao compor listas de candidatos para cargos proporcionais. O argumento do senador é que a palavra transmite a ideia de uma disputa desigual, com muitos nomes de peso brigando por poucas vagas. A preferência, segundo ele, deveria ser falar em “chapa forte”, já que a robustez eleitoral só se sustenta graças à presença dos chamados “escadas” — candidatos que ajudam a puxar votos, mas dificilmente têm chances reais de vitória.
O curioso é que esses mesmos nomes considerados secundários poderiam alcançar um mandato se buscassem alianças em legendas menores, onde a soma de votos teria mais impacto. No entanto, ao se juntarem aos grandes grupos, acabam servindo de apoio, seja por ingenuidade, seja por cálculo político equivocado. Afastá-los, porém, seria um risco para quem realmente depende deles para garantir o sucesso do projeto coletivo.
A expressão da vez passou a ser “acordão”, que, na prática, traduz arranjos eleitorais pensados para que todos os envolvidos saiam beneficiados — ainda que alguns, inevitavelmente, ganhem mais que outros.
No fim das contas, pouco importa o termo usado. O eleitor, atento ao histórico e às lições do passado, continua a olhar com desconfiança para esse tipo de articulação.