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Mesa diretora da CPMI do INSS |
O governo federal articulou um entendimento com a oposição no Congresso para ampliar o escopo da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS. Pelo acordo, a investigação, que inicialmente tinha como foco as denúncias mais recentes de irregularidades no órgão, também passará a abranger atos ocorridos durante a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff. Em contrapartida, integrantes da base aliada atuaram para evitar que a comissão avance sobre o irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico.
Frei Chico é vice-presidente de um sindicato de trabalhadores e foi citado em debates prévios da comissão como possível testemunha. No entanto, o presidente da CPMI afirmou que, até o momento, não há previsão de convocá-lo. O gesto foi interpretado como uma forma de blindagem política, garantindo que o nome dele não seja exposto em meio aos embates entre governo e oposição.
Parlamentares da oposição comemoraram a ampliação do alcance da CPMI, destacando que a inclusão do período de Dilma Rousseff permitirá uma análise mais abrangente das práticas do INSS, especialmente em relação à concessão de benefícios e contratos sob suspeita. Já governistas consideraram o acordo uma solução para reduzir tensões, assegurando que a investigação siga seu curso sem transformá-la em palco exclusivo de ataques ao atual presidente da República.
A CPMI do INSS tem como objetivo central apurar possíveis fraudes, desvios de recursos e irregularidades administrativas no Instituto Nacional do Seguro Social. Com o novo acordo, o colegiado poderá solicitar documentos, ouvir ex-dirigentes e requisitar informações de diferentes períodos da autarquia.
Nos bastidores, líderes avaliam que a negociação reflete um movimento de equilíbrio político: de um lado, o governo demonstra abertura ao incluir a gestão petista anterior no escopo das apurações; de outro, garante proteção a figuras ligadas diretamente a Lula, preservando a imagem do presidente em um momento de forte polarização no Congresso.
A expectativa é de que a CPMI avance nos próximos meses com uma série de oitivas e pedidos de informações, mas sem adotar, por ora, medidas que envolvam diretamente Frei Chico. A manutenção desse acordo, no entanto, dependerá da relação entre base e oposição e da condução política das sessões que ainda serão realizadas.