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Uma foto, muitos acordos: imagem de JHC e Renan Filho com Lula expõe negociação para o STJ e 2026

25_07

/ Por Redação
JHC, Marluce Caldas e Renan FIlho
O encontro entre o presidente Lula, o senador Renan Filho (MDB) e o prefeito de Maceió, JHC (ainda no PL), no Palácio da Alvorada, vai muito além de um simples jantar institucional. A foto publicada por Renan, ao lado de um dos seus maiores adversários políticos em Alagoas, revela os bastidores de uma negociação de alto calibre, com potencial para redesenhar o tabuleiro eleitoral do estado em 2026. Em jogo, não está apenas a vaga da procuradora Maria Marluce Caldas no Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas também o reposicionamento estratégico de figuras centrais do poder político alagoano.

O suposto compromisso de JHC em abandonar o PL, legenda comandada nacionalmente por Valdemar Costa Neto e na qual Arthur Lira ainda exerce forte influência, é um movimento que pode sinalizar uma guinada significativa em sua trajetória política. Mais do que uma reaproximação com o Planalto, trata-se de uma jogada que pode suavizar os embates com o governo federal e lhe garantir maior espaço de articulação – especialmente se confirmada sua disposição de apoiar Lira ao Senado em 2026 e recuar de uma possível candidatura ao governo estadual.

A questão é: por que um líder jovem, com forte capital político e popularidade em Maceió, abriria mão de disputar o Palácio República dos Palmares? A resposta pode estar na leitura pragmática das alianças nacionais e na sobreposição de interesses em Brasília. Mas também levanta dúvidas legítimas sobre o quanto interesses pessoais e familiares (como a nomeação da tia para o STJ) estariam sendo colocados acima de compromissos partidários e do projeto político próprio de JHC.

Por outro lado, Renan Filho, hoje ministro dos Transportes e herdeiro de uma das mais tradicionais oligarquias políticas de Alagoas, parece confortável em um ambiente de articulação onde seus principais rivais se sentam à mesa com Lula. A publicação da foto, feita por ele mesmo, pode ser lida como uma demonstração de força, ou até mesmo um recado público: o diálogo com adversários está sendo conduzido sob sua supervisão e com sua anuência — algo impensável até pouco tempo atrás.

Mas essa aproximação entre desafetos pode indicar uma tentativa de construir um novo pacto político em Alagoas, com reflexos na sucessão estadual. A depender dos desdobramentos, há risco de um esvaziamento do embate democrático se as disputas forem substituídas por acordos de bastidor, distantes dos olhos e dos interesses da população.

Do ponto de vista jornalístico, o episódio escancara uma política que ainda funciona na base do "toma lá, dá cá". As movimentações de bastidores — envolvendo cargos, promessas e alinhamentos — revelam um sistema onde as ambições pessoais e as alianças voláteis muitas vezes se sobrepõem à clareza ideológica ou programática.

Enquanto isso, Alagoas assiste de camarote à possível montagem de um grande conchavo, que, embora possa garantir estabilidade política para alguns, também pode restringir o debate público e sufocar alternativas reais de poder. O eleitor, por ora, permanece como expectador de um jogo que ainda se desenha nas sombras do poder.

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