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Vitor Pereira |
Nos bastidores da política alagoana, onde sorrisos públicos muitas vezes escondem lâminas afiadas, uma movimentação sutil, mas decisiva, começa a tomar forma. O enredo envolve nomes de peso, pactos silenciosos e uma legenda política que, embora nascida sob a inspiração de Miguel Arraes, hoje segue por caminhos menos idealistas.
O prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, o JHC, parece atravessar uma ponte ideológica: caminha, ainda que com passos cautelosos, da cartilha bolsonarista em direção ao lulismo. Esse deslocamento, embora ainda não oficializado, é motivo de observação atenta — e alguma inquietação — no grupo liderado pelos Calheiros, que observa a transição como quem aguarda uma peça-chave se encaixar no tabuleiro de Brasília.
Nos corredores do poder, há quem afirme que João Campos, atual prefeito do Recife e figura de destaque no PSB nacional, desempenhou papel essencial na costura desse acordo político. Um dos articuladores presentes, em conversa reservada, confirmou o acerto: JHC deverá retornar ao campo socialista — ainda que sem prazo determinado. Para os Calheiros, no entanto, a urgência é evidente. Querem vê-lo quanto antes de volta ao “ninho”.
Mas a realidade local é menos simples. O obstáculo tem nome e sobrenome: Victor Pereira. Atual comandante do diretório estadual do PSB em Alagoas, ele não demonstra disposição alguma para ceder a sigla ao prefeito de Maceió. Nem diálogo, nem concessões. O PSB alagoano, segundo Victor, não está à venda — tampouco disponível para projetos pessoais.
Diante do impasse, surge a pergunta que ecoa entre lideranças e observadores políticos: seria possível uma medida de força? Uma intervenção direta do PSB nacional poderia abrir caminho para JHC assumir o partido no estado? Tecnicamente, sim. Mas a engrenagem partidária exige justificativas claras para tal movimentação, e, até o momento, não há sinal de que essas condições estejam dadas.
Assim, o jogo segue, em silêncio e entrelinhas, com cada lado cuidando de suas cartas e esperando o momento certo para avançar. A política, afinal, também se faz de paciência — e de estratégia.