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Fraude, silêncio e queda: o MDB da Barra e a farsa da cota de gênero

25_08

/ Por Redação
Plenário da Barra de São Miguel

Na pequena e ensolarada Barra de São Miguel, onde as ondas do mar parecem alheias ao burburinho da política local, uma decisão judicial caiu como tempestade em céu azul. O Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas puxou o fio de uma trama silenciosa e revelou o que muitos desconfiavam, mas poucos ousavam dizer em voz alta: a fraude estava no coração da disputa eleitoral de 2024.

Na sentença assinada pelo juiz Bruno Acioli Araújo, publicada nesta quinta-feira, 1º de agosto, o MDB foi condenado por violar a cota de gênero — mecanismo que garante espaço mínimo para mulheres nas chapas proporcionais. A pena foi severa: todos os votos recebidos pelo partido na eleição para vereador foram anulados. E os eleitos, mesmo aqueles legitimados pelas urnas, tiveram seus diplomas cassados.

O centro da acusação girava em torno de uma figura discreta: Maria José Nunes da Silva, ou simplesmente Mazé. Seu nome constava na lista de candidaturas, mas sua presença na campanha foi nula — nenhuma faixa, nenhum comício, nenhuma menção nas ruas ou redes. Mazé era uma candidata invisível, ausente por completo da arena política. E foi exatamente essa ausência que confirmou a suspeita: tratava-se de uma candidatura fictícia, criada apenas para atender formalmente ao percentual mínimo de mulheres exigido por lei.

A Justiça Eleitoral não se deixou enganar pelo silêncio. Considerou que a fraude à cota de gênero desvirtuou todo o processo democrático da legenda, tornando ilegítimos não apenas os votos dados a Mazé, mas todos os votos de legenda e nominais atribuídos ao MDB naquela eleição. A decisão cassou os mandatos conquistados e decretou o que muitos políticos mais temem: o vazio onde antes havia poder.

Além disso, Mazé foi declarada inelegível por oito anos, prazo contado a partir da data da eleição. Uma pena que, embora prevista em lei, carrega o peso simbólico de uma exclusão pública, como uma porta fechada antes mesmo que se pudesse cruzá-la.

Assim, o MDB da Barra de São Miguel — palco de tantas disputas acirradas e acordos silenciosos — se vê agora no centro de uma narrativa de fraude e punição. Uma história que expõe não apenas a manobra pontual, mas a fragilidade de um sistema ainda distante da equidade real que pretende garantir.

No papel, havia mulheres. Na prática, apenas o eco de uma ausência cuidadosamente construída. E, agora, a Justiça fez valer a letra da lei — ainda que tardia, ainda que dura.

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