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MST ocupa secretarias do Governo de AL pela entrega de terras das usinas Guaxuma e Laginha |
Cerca de mil integrantes de diversos movimentos sociais de luta pela terra, incluindo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ocuparam no último domingo, 20 de julho de 2025, a Secretaria de Agricultura (Seagri) do governo de Paulo Dantas. A ação, parte da jornada anual de lutas dos movimentos, visa a cobrar o cumprimento de um acordo firmado com a Seagri em 2015 em Alagoas.
Naquele ano, foi pactuado que o estado transferiria as terras das Usinas Guaxuma e Laginha, ambas pertencentes ao grupo João Lyra, para que os movimentos estabelecessem ali assentamentos rurais.
Inicialmente, houve relatos de que a Secretaria de Cidadania e Pessoa com Deficiência (Secdef) também teria sido ocupada, gerando reclamações de servidores por não ter relação direta com a pauta agrária. No entanto, os movimentos esclareceram que a Secdef serviu apenas como ponto de passagem para os manifestantes e não foi alvo de ocupação.
Notas dos Movimentos Sociais Detalham Reivindicações
Em nota divulgada, os movimentos sociais do campo anunciaram o início de sua Semana Camponesa em Alagoas, com um acampamento montado na sede da Secretaria de Agricultura, localizada no Centro de Maceió. Mais de mil trabalhadores e trabalhadoras rurais estão mobilizados para exigir o avanço da Reforma Agrária no estado.
O acampamento é resultado da união de diversas organizações, como a Comissão Pastoral da Terra (CPT), Frente Nacional de Luta (FNL), Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL), Movimento Popular de Luta (MPL), Movimento Social de Luta (MSL), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento Via do Trabalho (MVT) e Movimento Terra Livre. Juntos, eles demandam do Governo do Estado a garantia do acordo de 2015, que previa a destinação da totalidade das terras da Usina Laginha e de parte da Usina Guaxuma para assentamentos rurais.
Além da questão fundiária, o acampamento dos Sem Terra busca a criação de políticas agrícolas que fortaleçam os assentamentos e acampamentos da Reforma Agrária em Alagoas. Entre as pautas específicas estão o fomento à mecanização e agroindustrialização, o incentivo à produção de sementes e a melhoria da comercialização de alimentos provenientes das áreas de Reforma Agrária.
A Semana Camponesa também integra uma agenda nacional, com o objetivo de promover o debate com a sociedade sobre o papel fundamental da Reforma Agrária para o desenvolvimento do estado e do país. Sob o lema "Para o Brasil Alimentar, Reforma Agrária Popular", camponeses de todas as regiões se mobilizam durante esta semana para destacar a importância da luta pela terra, especialmente no que tange à produção de alimentos saudáveis.
Em Alagoas, essa ação conjunta dos movimentos camponeses sublinha a relevância da luta pela terra no cenário atual do estado, ainda marcado pela concentração fundiária. Margarida da Silva, da direção nacional do MST, enfatizou: "Nós queremos debater com os órgãos públicos sobre as pautas já conhecidas para avanço das condições de vida do povo que vive no campo, mas também dialogar com a sociedade sobre a necessidade de que essa luta seja abraçada por todos e todas."
Demanda por Mediação de Conflitos Agrários
Outro ponto crucial na agenda de diálogo com o Governo Estadual é a retomada e o pleno funcionamento do Comitê Estadual de Mediação de Conflitos Agrários. Este comitê é visto como um instrumento essencial para assegurar a negociação e a participação dos camponeses nos temas de conflito agrário. Os movimentos também exigem a garantia de que o Centro de Gerenciamento de Crises e Direitos Humanos da PM/AL retome e cumpra seu papel de mediação nesses conflitos.
Marcos Marron, da FNL, destacou a importância de uma nova perspectiva sobre o campo: "É fundamental que a gente não olhe para o campo como um problema, mas como um espaço de possibilidades de resolver os problemas que vivem na cidade e, para isso, evitar e acompanhar os conflitos e disputas que existem nesses locais são fundamentais."
O acampamento permanece montado no pátio da Secretaria de Agricultura, onde os camponeses ergueram barracos de lona e uma cozinha. Uma extensa agenda de mobilizações na capital alagoana está prevista para os próximos dias.