Lira age para frear crescimento de Gaspar, que se aproxima do prefeito JHC

 

Alfredo Gaspar, Arthur Lira e JHC

As possibilidades de Alfredo Gaspar de Mendonça assumir o controle do União Brasil em Alagoas são remotas. A direção do partido no estado permanece sob um acordo firmado entre o presidente nacional da sigla, Antônio Rueda, e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. Pelo acerto, Lira indicou Luciano Cavalcante para liderar o diretório estadual — mesmo sendo ele alvo de uma operação da Polícia Federal em 2023, que investigou suspeitas de lavagem de dinheiro e fraude em licitações envolvendo a compra de kits de robótica para 43 municípios alagoanos, com recursos do FNDE.

Nos bastidores, a resistência de Lira à ascensão de Gaspar tem motivação política: o deputado quer impedir que o ex-procurador-geral se fortaleça a ponto de disputar uma vaga no Senado. O distanciamento entre Lira e o prefeito de Maceió, JHC — aliado de Gaspar — intensifica ainda mais o cenário de tensão. Apesar do rompimento com o prefeito, Lira ainda mantém influência sobre espaços na gestão municipal, como a Secretaria de Desenvolvimento Habitacional, atualmente sob indicação do deputado.

Com orçamento previsto de R$ 7.370.316,00 para 2024, a pasta é simbólica diante do desafio de enfrentar um déficit habitacional estimado em 35 mil moradias na capital. Ainda assim, seu controle tem valor político: funciona como espaço de visibilidade para quem a indicou.

O elo entre Gaspar e JHC também passa por outro fator relevante — ambos têm força eleitoral consolidada em Maceió. Esse capital político desperta preocupação tanto no grupo liderado por Lira quanto no clã Calheiros, que já têm desempenho frágil na capital. Nos bastidores, cresce o receio de que uma eventual aliança entre JHC e Gaspar resulte na candidatura deste ao Senado como nome de confiança do prefeito.

O cenário, no entanto, é instável e impõe desafios para todos os envolvidos. JHC, por exemplo, mesmo presidindo o PL em Maceió, esbarra na influência de Arthur Lira, que comanda de fato a sigla em Alagoas e mantém relação próxima com Jair Bolsonaro. Já Gaspar enfrenta um entrave ainda maior: não tem qualquer domínio sobre o União Brasil no estado.

Nesse xadrez político, quem se encontra em situação mais confortável é o senador Rodrigo Cunha, que lidera o Podemos. Sem um partido sob seu controle, JHC dificilmente se lançará ao Senado. E Alfredo Gaspar, diante das incertezas, tende a priorizar sua reeleição à Câmara Federal, optando pela estabilidade do mandato atual.