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Bolsonaro e Moraes ao fundo | Foto: Hugo Barreto/Metrópoles |
O pilar central deste projeto é a eleição de um sucessor fiel em 2026. Os nomes que despontam como peças-chave nesta articulação são o do atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro. A aposta é que um deles, ao chegar ao Palácio do Planalto, utilize a prerrogativa do indulto presidencial. Com uma única assinatura, o novo presidente poderia perdoar eventuais condenações de Bolsonaro, zerando suas pendências criminais.
Este ato teria um efeito cascata. Com a ficha limpa, o caminho estaria aberto para que Bolsonaro buscasse reverter sua inelegibilidade junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O objetivo final é claro: viabilizar uma nova candidatura presidencial em 2030, quando ele terá 76 anos.
O plano parece considerar até mesmo o pior cenário: uma condenação que resulte em prisão. A expectativa, neste caso, seria a de obter o benefício da prisão domiciliar, justificada pelas constantes intervenções cirúrgicas e cuidados médicos necessários desde o atentado a faca sofrido em 2018. A saúde, portanto, surge como um fator tanto de vulnerabilidade quanto como um possível atenuante jurídico em seu cálculo político.
Contudo, a estratégia de Bolsonaro é uma aposta de altíssimo risco, dependente de uma série de variáveis que fogem ao seu controle. Exige não apenas a vitória de seu aliado em 2026, mas também a lealdade incondicional deste para executar um ato politicamente custoso como o indulto. Além disso, depende da conjuntura política e jurídica do país no futuro e, crucialmente, de sua própria saúde para se manter como uma figura politicamente viável até o final da década. Cada dia, para o ex-presidente, parece ser uma peça em um tabuleiro cujo jogo só terminará em 2030.