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Ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Allan Turnowski, é preso por envolvimento com o Jogo do Bicho

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/ Por Redação

Allan Turnowski Foto: Reprodução/Band

O ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, o delegado Allan Turnowski, foi preso na tarde de ontem, terça-feira (6), após o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro expedir um mandado de prisão contra ele no mesmo dia. Turnowski, que é réu por organização criminosa, é acusado de envolvimento com o jogo do bicho. A prisão ocorreu após o Supremo Tribunal Federal (STF) restabelecer, na última quinta-feira (1º), a sua prisão preventiva, derrubando uma decisão anterior do ministro Kassio Nunes Marques que o havia libertado em 2022.

De acordo com informações do g1, o delegado se entregou por volta das 20h na Corregedoria Interna da Polícia Civil, no Centro do Rio, onde passou a noite. Ele nega todas as acusações de receber propina e colaborar com contraventores do jogo do bicho.

Em setembro de 2022, Turnowski já havia sido detido pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio. As investigações apontam que ele atuava como um "agente duplo", favorecendo os contraventores Rogério de Andrade e Fernando Iggnácio, este último assassinado em novembro de 2020.

A defesa de Turnowski, em nota divulgada após a decisão do STF, informou que irá "interpor embargos de declaração no próprio STF e novo habeas corpus", alegando omissão de temas importantes, como a paralisação do processo por quase um ano a pedido do Ministério Público e o cumprimento integral de todas as medidas alternativas anteriormente impostas.

Trajetória Conturbada na Polícia Civil

Allan Turnowski já havia liderado a Polícia Civil entre 2010 e 2011, durante o governo de Sérgio Cabral. Sua primeira passagem pelo cargo terminou em meio a uma investigação da Polícia Federal sobre um suposto vazamento da Operação Guilhotina, na qual foi indiciado por violação de sigilo funcional, acusado de repassar informações a um policial que era alvo da ação. O caso foi posteriormente arquivado por falta de provas, e Turnowski sempre negou qualquer irregularidade. Na época, a PF prendeu 30 policiais civis e militares por envolvimento com organizações criminosas, incluindo Carlos Oliveira, que era considerado o braço direito de Turnowski.

Antes de ser exonerado em sua primeira gestão, Turnowski entregou um dossiê à Corregedoria Interna da Polícia contra o delegado Cláudio Ferraz, então titular da Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais), a quem ele acusava de ter vazado informações para a Operação Guilhotina. Ele também apontou o arquivamento suspeito de um inquérito da Draco que investigava desvio de licitação na Prefeitura de Rios das Ostras.

Turnowski retornou ao comando da Polícia Civil em setembro de 2020, a convite do então governador em exercício Cláudio Castro. Antes disso, atuava no Departamento Geral de Polícia da Capital (DGPC).

As investigações do Ministério Público sugerem que sua nomeação para o cargo foi resultado de uma articulação do delegado Maurício Demétrio, atualmente condenado por obstrução de justiça. Transcrições de conversas obtidas pelos investigadores indicariam que Demétrio teria pedido a políticos para intercederem junto a Cláudio Castro em favor de Turnowski.

Em um diálogo revelado pelas investigações, Turnowski chegou a pedir ajuda a Demétrio, demonstrando uma relação próxima e preocupante: “Guru, se ele me pegar, ele vai te pegar, Guru. Tem que me proteger por você! Tem que me proteger por você! Me esquece! Porra, tá maluco? Nós somos um CNPJ, um CPF só! Irmãos de embrião!”. Demétrio respondeu: “Farei tudo o que estiver ao meu alcance”.

Gestão Marcada pela Chacina do Jacarezinho

Durante a gestão de Turnowski como secretário, ocorreu a chacina do Jacarezinho, em maio de 2021, a segunda maior da história do Rio, que resultou na morte de 27 pessoas. Em seguida, foi implementado o projeto Cidade Integrada, com o objetivo de ocupar comunidades da Zona Norte por forças do governo estadual, incluindo a polícia. Turnowski descreveu a ação como "um projeto grandioso, desafiador, que o governador Cláudio Castro confiou às suas polícias a responsabilidade de retomar o território e mantê-lo no domínio do Estado".

Candidatura Frustrada e Ligações Perigosas

Turnowski deixou a Secretaria de Polícia Civil para concorrer, pela primeira vez, a um cargo político, lançando-se como candidato a deputado federal pelo Partido Liberal (PL) nas eleições de 2022. Apesar do apoio do então presidente Jair Bolsonaro e do governador Cláudio Castro, ele não conseguiu se eleger, recebendo pouco mais de 18 mil votos. Ele foi solto poucos dias antes do pleito.

A prisão de Turnowski em setembro de 2022 ocorreu no âmbito de investigações contra o delegado Maurício Demétrio. A análise de celulares apreendidos com Demétrio revelou um esquema de corrupção e aparelhamento político na segurança pública do Rio, no qual ambos atuavam em benefício dos contraventores Rogério de Andrade e Fernando Iggnácio. Segundo a denúncia, enquanto Demétrio se aliou abertamente a um dos lados da disputa do jogo do bicho, Turnowski agia de forma velada, através de Demétrio, como um "agente duplo".

As investigações também revelaram uma ligação de Turnowski com o sargento reformado da PM Ronnie Lessa, acusado de ser o assassino da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes e de ter sociedade com Rogério de Andrade em uma casa de apostas. Lessa trabalhou como adido na Polícia Civil durante a gestão de Turnowski. Mensagens encontradas no celular de Lessa durante a investigação do caso Marielle mostram um inspetor, amigo de infância de Lessa que trabalhou com Turnowski, mencionando o ex-chefe de polícia e oferecendo uma proposta de trabalho ao sargento reformado.

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