Corpos de irmãos desaparecidos são encontrados às margens da Lagoa Mundaú, em Maceió

Corpos de irmãos desaparecidos são encontrados às margens da Lagoa Mundaú, em Maceió

Após dois dias de buscas, os corpos dos irmãos Carlos André, de 28 anos, e Israel, de 18, foram localizados no final da manhã desta segunda-feira (23), às margens da Lagoa Mundaú, na região do Pontal da Barra, em Maceió. Eles estavam desaparecidos desde o último sábado (21), quando foram vistos pela última vez no bairro do Vergel do Lago.

A própria família iniciou as buscas no domingo (22), mobilizada após o sumiço dos irmãos. Na manhã desta segunda, os familiares contaram com o apoio da Polícia Militar para continuar as diligências.

De acordo com informações repassadas por um dos irmãos das vítimas ao programa Fique Alerta, da TV Pajuçara, Carlos André convidou Israel para participar de uma festa chamada "Arraiá da Coreia", no Vergel. Inicialmente, Israel relutou em ir, mas acabou aceitando e os dois seguiram juntos de motocicleta.

“No domingo de manhã, recebemos informações de que eles teriam sido sequestrados e mortos, e que os corpos haviam sido jogados em um sítio. Outros comentários diziam que eles teriam sido jogados na lagoa. Ficamos perdidos, sem saber o que fazer. Chegamos a acionar o 190 à tarde e, no início da noite, registramos um boletim de ocorrência na Central”, relatou o irmão.

Segundo ele, uma equipe policial foi disponibilizada ainda na noite de domingo. No entanto, devido à dificuldade de acesso ao local e à falta de iluminação, as buscas precisaram ser retomadas na manhã de segunda.

As buscas começaram em um sítio próximo à Coreia, mas sem sucesso. Na sequência, o grupo seguiu para a praça Pingo d'Água, numa área conhecida como Recreio, nos fundos da Braskem. Lá, quando já cogitavam encerrar as buscas, um morador da região se ofereceu para ajudar e indicou um caminho que dava acesso direto à lagoa.

“Fui seguindo ele de moto, paramos, deixamos a moto e começamos a caminhar. Quando cheguei mais à frente, olhei para o lado esquerdo e vi meu irmão mais novo, caído. Naquele momento nem percebi o outro. Foi o rapaz que estava comigo que apontou: ‘O André está ali’. E então vimos os dois, deitados, próximos um do outro”, contou.

Os irmãos apresentavam sinais de violência. Israel, que estava mais exposto na margem, tinha uma marca de tiro na nuca, próxima à orelha, além de vestígios de sangue no local. Já Carlos André foi reconhecido pelas roupas, pois seu corpo estava parcialmente submerso.

“Pelo que vimos, parece que eles foram trazidos vivos para cá e executados aqui mesmo. O corpo do Carlos estava mais dentro d’água, então só dava pra ver as costas, mas reconhecemos pela roupa e pela cor da pele”, detalhou o irmão.

A família afirmou que ambos não tinham histórico de prisão e não costumavam se envolver em confusões. Carlos André, segundo o irmão, teve envolvimento anterior com drogas e com uma torcida organizada, mas já havia se afastado. Israel, por sua vez, era descrito como um jovem tranquilo, que passava a maior parte do tempo em casa ou jogando futebol na praça do bairro.

“Não fazemos ideia do motivo disso. O Israel era um menino sossegado, ficava mais em casa, saía só pra encontrar os amigos. Já o Carlos estava morando no Fernão Velho, mas depois que se separou da esposa, voltou pra casa da nossa mãe”, explicou.

Equipes do Corpo de Bombeiros foram acionadas para retirar os corpos da lagoa. A Polícia Científica realizou a remoção e levou os corpos ao Instituto Médico Legal (IML), onde será feita a confirmação oficial da identidade das vítimas e a perícia para determinar a causa das mortes. A Polícia Civil ficará responsável pela investigação do crime.